Sabe quando você tem vontade de largar tudo e começar do zero? Para Izilda Heleno não foi uma opção. Há dez anos ela precisou mudar radicalmente de vida e recomeçar sozinha. Saiu da capital de São Paulo e foi viver no litoral, logo após uma sociedade com um amigo de longa data “naufragar por excesso de confiança”, nas palavras dela.
Seus parentes ainda acham impossível ela ter feito tudo sozinha, mas com um tom que só a experiência tem, Izilda relembra a sua trajetória com muito orgulho e nos conta, emocionada, como administra suas duas lojas.
Izilda, como tudo começou?
Quando me mudei para Praia Grande, resolvi abrir uma lojinha, bem lojinha mesmo, com 28m²! Uma perfumaria. O imóvel alugado era uma garagem reformada. No começo, chegava a atender apenas um cliente por dia, e muitas vezes as pessoas só entravam por curiosidade. Aos poucos fui aumentando meu estoque e diversificando os produtos. Não demorou muito, o local passou a ser conhecido como a “lojinha da rua” e isso me deixava muito constrangida, parecia ser uma forma depreciativa de chamar o meu negócio, mas me acostumei e passei a gostar.
Além do baixo movimento, que outras dificuldades você teve que enfrentar?
A concorrência. Outra loja de cosméticos abriu bem próxima à minha. Fiquei receosa mas continuei firme. Não durou três anos e voltei a ser a única no pedaço. Depois acabei descobrindo que a pessoa que montou essa linda loja tentou comprar a minha, mas desistiu, achava que por ser apenas uma garagem não valeria a pena. Após oito anos, arrumei coragem e abri mais uma loja, que tem o dobro do tamanho da primeira, portanto o dobro da responsabilidade. E há três meses transferi a lojinha da “garagem”, para outro bairro, num local de quase 100m². A princípio eu não fecharia a “lojinha da rua”, a minha intenção era manter as três. Só que você acaba percebendo que é muito difícil administrar três lojas, mesmo tendo suporte. Você pode se enrolar um pouco.
Expandir é o grande objetivo da maioria dos empreendedores...
Mas não é fácil, as contas vão acumulando, as vezes bate ansiedade, bate desespero, mas tem que ir em frente e do jeito que estava com a minha lojinha na praia, você viu que não tinha como crescer. Estagnar é perda de dinheiro e tempo. Então quando chega a hora, o coração fala mais alto, mas a razão é quem manda. Talvez a melhor decisão administrativa seja deixar pra trás uma parte do que você construiu, com a certeza de que ficou marcado, porque todo mundo que passa aqui lembra e comenta “o bairro não é mais o mesmo” e é até gostoso de ouvir isso, porque é uma coisa que eu fiz sozinha, sem suporte e que você vê que deu resultado. Isso é muito gratificante. Vale a pena!
Fechar a primeira loja não estava nos planos. Como foi tomar essa decisão?
Então, fechar a minha lojinha foi muito difícil, porque construí tudo do zero e além do valor emocional, tinha uma clientela fiel. Só alguns clientes vieram para a nova loja, que para se ter ideia, ficou quase um ano fechada para reformas. Hoje eu vejo que por questões administrativas foi a melhor saída, até por que eu fui surpreendida com a receptividade das novas lojas. Problemas acontecem, as frustrações e as decepções vão e voltam, mas se tivermos foco e determinação, podemos nos surpreender com os resultados. Nunca imaginei ter uma lojinha, e hoje me sinto gratificada e realizada com todos os resultados. Descobri que sou capaz.
Você fala com bastante emoção sobre a primeira loja, mas está bastante entusiasmada com os novos estabelecimentos. Pode falar um pouco sobre o recomeço?
Está sendo de muito aprendizado. Antes eu tinha uma loja que ficava praticamente em frente à praia. Então meus públicos alvo eram os moradores, a maioria aposentados, e também os turistas. O fluxo de clientela era muito maior no verão. A outra loja que eu resolvi abrir fica no bairro. Então é um público totalmente diferente, com necessidades diferentes, mas que também queria os produtos mais caros e não tinha aonde achar. Eles tinham que ir até o centro. Nós entramos com essa linha que era o que a gente já vendia na praia, e realmente a coisa começou a avançar.
Como você faz para atrair novos clientes?
As duas lojas hoje, elas estão em bairros com 3km de distância uma da outra e também distantes do centro, de 8km a 10km. Como aposentado não paga ônibus e a maioria tem bicicleta, você tem que ter preço competitivo para que a pessoa fique no próprio bairro. Além do preço competitivo a gente organiza eventos, fala com os fornecedores para fazer dia da beleza, negociamos estoura-balão, brindes, doces, pipocas. Coisas simples, mas que o povo gosta, porque sabe que tá sendo feito para eles.
E que estratégias você usa para fidelizar esse pessoal?
As lojas tão na Praia Grande, Litoral de São Paulo, povo que tem poder aquisitivo muito bom. Mas tem carência de produtos, por isso que tem sempre que ficar antenada nos lançamentos. Aqui eu tenho lançamentos que o pessoal não encontra nem na capital. O produto passou na novela, pode ficar atento que o pessoal já vai pedir. As blogueiras também influenciam muito, hoje elas fazem a cabeça de muita gente e isso no bairro é muito importante para elas, acabou de sair o lançamento elas já vêm com o celular, já mostram a foto e se você tem o produto, você já tem um peso a mais. Se você não tem, fala “mas eu já vou providenciar, vem daqui alguns dias” e já corre atrás de fornecedor. Ou então direciona a um produto que você já tem, mas sabendo que o cliente não pode perceber que você tá empurrando um produto, se ele faz questão de um produto determinado, não tem problema, você vai lá e corre atrás desse produto mesmo.
Além disso, nosso diferencial é o atendimento. Você tem que dizer um “bom dia” e não pode ser forçado. Tem que tratar bem mesmo os que vêm só pra olhar. O cliente pode estar olhando hoje, mas amanhã ele pode lembrar onde viu, voltar e comprar. Você tem que dar alternativas, deixar o cliente à vontade, não empurrar produtos, isso é imprescindível, nós temos uma economia que o cliente sabe bem o que vai fazer com dinheiro.
E para finalizar, Izilda, como o Nex te ajudou nesse processo de expansão?
Eu descobri o Nex pesquisando na internet e foi ele que me possibilitou administrar as duas lojas em tempo integral, mesmo sem estar presente. Foi a melhor coisa, porque além de ser prático e fácil, (o programa) serviu pra me deixar a par de tudo que acontecia na filial. Eu não estava presente lá o tempo todo, mas através do aplicativo eu conseguia acompanhar as vendas, o estoque, o caixa, etc. Foi assim que a filial progrediu. Agora na nova loja, ainda estamos com o sistema começando, mas é o que ajuda para fazer o controle de estoque, importantíssimo.
Escrevo sobre assuntos relacionados à gestão, ao atendimento, à equipe e a tudo o que envolve seu dia a dia como comerciante.