Imagine a seguinte situação: mensalmente, você reserva uma quantia em dinheiro para quitar a prestação de uma casa, mas tem o péssimo hábito de usar este montante para fazer compras no supermercado e na farmácia. Inevitavelmente, essa maneira de gerir seus recursos fará com que você não saiba ao certo quanto estas compras demandam do seu orçamento, além de nunca conseguir pagar o valor da prestação do imóvel ao término de cada mês. Da mesma forma que uma pessoa pode misturar as contas domésticas entre si, os donos de uma pequena empresa também erram ao não separar suas próprias finanças e as do negócio.
Infelizmente, essa mistura de contas é um erro muito comum, principalmente no comércio, onde o dinheiro em espécie é mais abundante e, portanto, mais fácil de entrar e sair do caixa sem muito controle. Saber separar o dinheiro pessoal do dinheiro da empresa pode ser determinante entre o sucesso e o fracasso de um empreendimento.
O maior risco dessa desorganização é não conseguir avaliar a viabilidade do negócio, mantendo uma empresa não lucrativa com a ilusão de não haver outra opção. A seguir, listamos algumas perguntas que lhe ajudarão a entender a importância de se evitar a confusão entre as finanças pessoais e empresariais.
Por que separar as contas?
Além de gerar confusão e dificuldade de olhar para as contas do negócio da forma correta, ao manter uma única conta bancária para a pessoa física (você) e a jurídica (seu comércio), o princípio contábil da entidade é violado – uma norma que obriga a separação de receitas e gastos das pessoas jurídica e física. Em casos como este, o contador da organização pode até ser advertido pelo CRC (Conselho Regional de Contabilidade).
Quanto devo receber de salário?
Essa é sempre uma questão complexa, principalmente se houver mais de um dono (sócio) na empresa. A resposta simples é: o mínimo possível! Pois quanto mais dinheiro sobrar na empresa, melhor para o futuro dos sócios. Claro que é muito difícil e subjetivo viver com "o mínimo possível". Dessa forma, é importante olhar para o mercado. Quanto ganharia um gerente para fazer o papel que você faz na sua loja? Seu salário (fixo) não pode ser maior do que este valor de mercado.
Porém, a remuneração total dos sócios pode e deve ser mais ampla do que somente o salário fixo. Ela pode ser dividida em duas frentes:
Pró-labore
Este é o valor fixo, pago mensalmente ao sócio caso ele trabalhe na empresa, e deve ser de acordo com o valor de mercado da atividade realizada. Simplificadamente, o pró-labore é o valor pago pelo trabalho e não por quanto o dono gostaria de ganhar. Um sócio que execute tarefas gerenciais, por exemplo, deve ter um salário fixo definido de acordo com os custos que a contratação de um gerente demandaria para a empresa.
Distribuição de lucros
Ao final de cada mês, os sócios devem calcular os lucros gerados pela empresa. Esta informação determinará se a empresa está progredindo ou, se não estiver, que mudanças serão necessárias para colocá-la nos trilhos. Caso haja lucros, eles podem ser distribuídos entre os sócios através de regras preestabelecidas, como o percentual de cada um, reserva de caixa, periodicidade e casos de antecipação. Mas cuidado, nenhum negócio prospera se os donos retirarem todo o lucro todo mês.
Investir e reservar antes de retirar o lucro
Mesmo com uma boa gestão financeira e a conquista do tão sonhado lucro, existe uma armadilha que pode ser fatal para qualquer empresa: a retirada total do lucro. Ao final do ano, ou de um semestre, você deve guardar boa parte do lucro gerado pela empresa para dois fins muito importantes: investimentos e reservas!
A reserva, ou seja, o dinheiro que você deve deixar guardado na conta da empresa em alguma aplicação segura, como CDI ou CDB, deve ser suficiente para cobrir pelo menos 3 meses de despesas da empresa, incluindo os salários dos sócios. Não é nada fácil chegar nesse montante, mas é muito importante manter essa perspectiva. Enquanto sua empresa não tiver esse valor guardado, ela está em risco e você não deve retirar lucros para regalias pessoais!
E agora, finalmente, o que fazer com o montante que sobrou?
A parte do lucro reservada para investimento é justamente aquilo que vai fazer a sua empresa crescer. Sem investimento não há crescimento. O universo de investimento é muito amplo, mas as frentes mais comuns são: treinamentos para a equipe, cursos de aperfeiçoamento, anúncios pagos, materiais de comunicação ou promocional e melhorias físicas, como reformas ou aquisição de mesas e móveis para o escritório.
Que complexo... Será?
O universo da gestão financeira de uma empresa pode parecer uma atividade muito complexa e impossível de implementar em um pequeno comércio. Mas é possível implantar controles financeiros simples que podem se adaptar perfeitamente no dia a dia de qualquer pequena empresa.
Nós vamos abordar aqui outras dicas fáceis de serem implementadas em um pequeno comércio para realizar uma gestão financeira simples e eficiente. Mas comece hoje mesmo separando suas contas pessoais das empresariais. Esse é o primeiro grande passo!
E na sua empresa, como é separado o dinheiro dos sócios? Conte para a gente ou deixe suas dúvidas nos comentários!
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